Raízes e Horizontes

Quando silenciar vozes se torna ameaça à democracia

Regredimos ao tempo do olho por olho?

Imagem gerada por IA
Quando silenciar vozes se torna ameaça à democracia Colabore com nosso jornal: pix@tribuna.com.br

Comento em triste tom pessoal, que a notícia do assassinato de Charlie Kirk, ativista conservador norte-americano, tem me atravessado como um soco no estômago desde que a imagem de um tirambaço fez jorrar em seu pescoço o fel da intolerância. Confesso que conhecia pouco do seu trabalho, e sei que muitas de suas ideias dividiam opiniões. Mas há um ponto que deveria ser inegociável: matar alguém a sangue frio por suas convicções é inaceitável. O gesto brutal o coloca na mesma página trágica em que a História inscreveu Martin Luther King, John Kennedy, Gandhi e tantos outros líderes que foram silenciados não pelo debate, mas pela bala.


A VIOLÊNCIA POLÍTICA COMO RETROCESSO 

A cada vez que uma figura pública é assassinada por causa de suas ideias, o que morre não é apenas uma pessoa. Morre, também, uma parcela do espaço democrático que deveria abrigar a divergência. Independentemente da ideologia, a violência política é sempre um retrocesso. É como se estivéssemos admitindo que, incapazes de argumentar, preferimos eliminar o outro.


JORNALISMO COMO ANTÍDOTO

Esse episódio me faz refletir ainda mais sobre o caminho que temos construído na TRIBUNA DA IMPRENSA. Desde 2021, quando reassumimos nossa marca histórica, buscamos formas de reinventar o jornal não apenas como veículo, mas como escola de formação cidadã. A proposta de dar capilaridade ao jornalismo por meio de grêmios estudantis, associações de moradores, diretórios acadêmicos e associações comerciais e de classes não é apenas um projeto editorial. É, sobretudo, um antídoto contra o ódio e a intolerância.


O PAPEL DOS JOVENS COLABS

Imagino quantos jornalistas mirins e jovens repórteres podem nascer desse esforço. Vozes que aprenderão a contar as histórias de seus bairros, suas escolas, suas comunidades. Vozes que crescerão entendendo que a divergência é parte da democracia, mas que só floresce se for mediada pela palavra, nunca pela violência.


O DESAFIO DO DIÁLOGO POR DENTRO

Essa reflexão não é apenas sobre o que acontece lá fora, mas também sobre o que vivemos por dentro. Ao longo da nossa trajetória na Tribuna, sei que ainda existem feridas e distâncias que precisam de tempo e de diálogo para cicatrizar. É um paradoxo duro: como propor pontes às comunidades, se dentro da própria casa ainda buscamos entendimento? Mas talvez seja justamente isso que nos torna mais conscientes: saber que o exercício de ouvir e dialogar começa sempre dentro de nós mesmos, mesmo quando parece o mais difícil.


RESPOSTA: CULTURA, VOCAÇÕES E ALEGRIA 

Silenciar vozes não se combate apenas com leis ou editoriais: combate-se alimentando a alegria coletiva. É por isso que queremos que a Tribuna também seja espaço para o renascer de saraus, festivais de música, encontros de poesia e rodas de leitura. Queremos revelar talentos que tocam violão no quintal, que constroem com madeira como carpinteiros e luthiers, que programam soluções digitais em seus quartos, que jogam bola com ética e paixão, que se descobrem bons de conta, que praticam a assistência social no cotidiano.


Essa diversidade de vocações é o que dá sentido à vida comunitária. É Steiner quando fala de educar a integralidade do ser humano; é Quesnay ao mostrar que a riqueza nasce do trabalho vivo; é o esforço de extrair dos grandes pensadores — de Marx a Adam Smith — aquilo que pode nos guiar a uma sociedade mais justa, equilibrada, próspera e alegre. Um jornalismo que se alimenta dessa energia não provoca inveja, mas devolve às pessoas o brilho nos olhos de se reconhecerem em suas próprias comunidades.


UM CONVITE À CONSTRUÇÃO 

O assassinato de Kirk nos lembra do risco que corremos quando permitimos que a intolerância dite as regras. Por isso, mais do que nunca, a TRIBUNA DA IMPRENSA se compromete com este projeto: formar, desde as bases, uma nova geração de cidadãos-jornalistas. Gente que entenda que, no fim das contas, o futuro da democracia depende da nossa capacidade de ouvir e conviver com o diferente — e também de celebrar a vida em sua plenitude, com música, arte, esporte, ofícios e solidariedade. Saber falar sem matar é o hit do momento.





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