Raízes e Horizontes

O papel da Santa Casa na nova tendência de mercado de saúde

Tradição, humanidade e inovação farão a diferença

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O papel da Santa Casa na nova tendência de mercado de saúde

Nos últimos meses, nossa equipe tem amadurecido uma ideia que me parece não apenas viável, mas urgente: a possibilidade da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro assumir o protagonismo de uma nova rede de saúde, eficiente, inclusiva e com custo acessível à família de classe média.


Explico: muitos fluminenses vivem hoje em um dilema. De um lado, não querem depender exclusivamente do SUS, cujo atendimento, ainda que universal, está sobrecarregado e, muitas vezes, não entrega a qualidade necessária. De outro, não suportam os custos elevados dos planos privados tradicionais, que consomem parte significativa do orçamento familiar. É nesse vazio que cabe um modelo alternativo, equilibrado e sustentável.


HOSPITAIS SEM LUXO, MAS COM EXCELÊNCIA

Nessa concepção, essa rede deve ser formada por hospitais sem hotelaria de luxo, sem quartos particulares, mas com enfermarias limpas, organizadas e humanizadas. O foco deve estar no essencial: um atendimento médico de primeira linha, com corpo clínico aberto e bem treinado, apoiado em protocolos modernos de gestão.


Tomando o Leste Fluminense como exemplo, imagino uma dinâmica organizada em três níveis:


  • Pronto-socorros municipais, bem estruturados, em cidades como Tanguá, Silva Jardim, Casemiro de Abreu, São Pedro da Aldeia, Iguaba, Arraial do Cabo e Saquarema. Atenderiam os casos de baixa complexidade e primeiros socorros.
  • Hospitais de média complexidade em Araruama e Maricá, cuidando de internações clínicas, maternidades básicas e pequenas cirurgias.
  • Hospitais de alta complexidade, como em Cabo Frio e Rio Bonito, preparados com CTI, centros cirúrgicos, oncologia, hemodinâmica e heliponto, dentro de padrões internacionais de certificação.


Esse mesmo desenho poderia ser replicado em outras regiões do Estado, de acordo com as demandas locais.


O PAPEL DA SEDE DA SANTA CASA

A sede histórica, na Rua Santa Luzia, poderia ser reformada e se tornar o hospital-universidade da rede, inspirado em modelos como o Johns Hopkins. Ali funcionariam centros de excelência em áreas estratégicas: oncologia (com produção de bolsas antineoplásicas), doenças negligenciadas, fisioterapia robótica, doenças pulmonares e virais, doenças neuromusculares raras como o ELA, medicina nuclear e terapias integrativas.


Assim, a Santa Casa assumiria não apenas a função assistencial, mas também papel formador e inovador, servindo de suporte científico e tecnológico a toda a rede.


DOIS EIXOS COMPLEMENTARES

É importante esclarecer que a ideia se organiza em dois eixos distintos:


1- O eixo central é a rede voltada à classe média, oferecendo uma alternativa concreta, com custo-benefício palatável e gestão moderna.


2- O eixo social complementar poderia ser desenvolvido em paralelo: a utilização de ônibus-hospitais e clínicas comunitárias para atuar em áreas rurais e também em comunidades urbanas em situação de conflito. Essas unidades móveis ajudariam a mapear demandas e oferecer atendimentos básicos, funcionando como uma frente de inclusão social e pacificação territorial.


Tenho consciência de que esse segundo eixo é importante, mas ele não deve desviar o foco do projeto principal: criar uma rede de saúde acessível e sustentável para as famílias fluminenses que hoje estão órfãs de alternativas.


UMA NOVA GOVERNANÇA

Acredito que tudo isso só será viável se for criado um modelo empresarial moderno: uma S.A. filantrópico-empresarial, com padrão internacional de governança, transparência e auditoria independente. Um modelo inspirado no conceito de Steward Ownership, no qual investidores podem aportar recursos e buscar resultados, mas a missão e o propósito permanecem preservados pelas instituições filantrópicas que lideram a iniciativa.


CONCLUSÃO

Não faço parte da Irmandade da Santa Casa, mas me considero um entusiasta de sua história e de sua capacidade de renascimento. Acredito que chegou a hora da SCMRJ se reposicionar como líder natural do sistema de saúde fluminense, em aliança com outras entidades filantrópicas tradicionais.


Esse não é apenas um projeto hospitalar. É um projeto de reconstrução social e territorial, que pode reorganizar o presente e inspirar o futuro da saúde no Brasil.



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