Raízes e Horizontes
Os Trilhos que Costuram o Brasil
Eixos Integradores para uma Nação em Movimento
Colabore com a manutenção da TRIBUNA DA IMPRENSA: pix@tribuna.com.br O Brasil é uma imensidão viva — um território de vocações múltiplas, ritmos diversos, sabores únicos. Somos, em essência, uma colcha de retalhos: terras de café e cacau, de minério e frutas, de carne e cana, de turismo e tecnologia.
Mas essa colcha, ainda solta em suas pontas, carece de um fio condutor. Esse fio é a ferrovia. Nas últimas décadas, avançamos timidamente na reestruturação da malha ferroviária nacional. A Ferrovia Norte-Sul cortou parte do coração do país. A FIOL, a FICO e a Transnordestina seguem em obras. No entanto, falta uma visão sistêmica. Um projeto integrador que conecte nossos potenciais territoriais — os ecossistemas produtivos — por meio de eixos logísticos realmente estratégicos.
Os trilhos que o Brasil precisa
Levantamos em caráter preliminar, com base em estudos regionais e análises de escoamento produtivo, dez eixos ferroviários nevrálgicos que podem transformar o Brasil em uma verdadeira rede de valor:
1. Vale do Jequitinhonha – Ilhéus: levando riquezas minerais e culturais ao Porto Sul.
2. Chapada dos Veadeiros – Anápolis: integração do ecoturismo e dos produtos naturais ao centro logístico nacional.
3. Rio Branco – Santarém, via Porto Velho: bioeconomia e interligação com a Interoceânica.
4. Barreiras – Marabá, via Palmas: costura entre o Matopiba, o Tocantins e o Pará.
5. Sergipe – Juazeiro/Crato: complementar à Transnordestina, com foco em fertilizantes, frutas e indústria.
6. Mantiqueira – Baixada Santista, via Sul Fluminense: queijos, café e turismo com rota até o Porto de Santos.
7. Vacaria – Joinville, via Lages: maçã, pinus e turismo frio até o litoral catarinense.
8. Linhares – Triângulo Mineiro: café conilon, frutas e interligação com o agronegócio do Cerrado.
9. Teresina – Petrolina: conexão da agroindústria piauiense à fruticultura exportadora.
10. Cuiabá – Corumbá: eixo mineral e agrícola com destino à bioceânica via Bolívia e Chile.
Investimento necessário, retorno garantido... e viável
A estimativa preliminar de investimento por eixo varia entre R$ 3 bilhões e R$ 10 bilhões, a depender da geografia, infraestrutura de suporte e intermodalidade. Em um país continental como o Brasil, isso pode parecer desafiador. Mas a viabilidade não está na mão única do Estado - o que seria impossível se concretizar com velocidade, e sim na inteligência coletiva de um modelo financeiro inovador, democrático e transparente.
É plenamente possível estruturar SPEs (Sociedades de Propósito Específico) regionais, responsáveis por cada eixo ferroviário, com participação aberta a:
- Investidores institucionais (fundos de pensão, seguradoras, FIPs)
- Pequenos investidores via mercado de capitais
- Protagonistas locais, governo municipal, produtores, empreendedores e cooperativas
Essas sociedades podem emitir títulos de dívida (debêntures incentivadas, green bonds, project bonds), fundos de investimentos em infraestrutura ou ações cotadas em bolsa (B3), desde que ancoradas em modelos de governança blindados contra concentração de controle. A lógica é clara: se a ferrovia beneficia o entorno, nada mais justo que os beneficiados se tornem também acionistas e investidores.
Ao longo de 10 anos, os efeitos são expressivos:
- Redução de até 40% no custo logístico
- Geração de até 1 milhão de empregos
- Aumento de produtividade, exportação e renda regional
- Valorização imobiliária e urbana no entorno das estações
- Participação ativa da população no sucesso do empreendimento
Trilhos como soberania, costura como projeto de nação
Mais do que projetos de engenharia, os trilhos que propomos são projetos de identidade e pertencimento. Eles podem (e devem) ser viabilizados por estruturas modernas, acessíveis e descentralizadas, que permitam ao brasileiro comum se tornar investidor da reconstrução do próprio país.
Ao unir governança sólida, mercado de capitais, vocações regionais e vontade política, criamos um caminho possível — e poderoso. Não se trata de repetir erros do passado, mas de inaugurar uma nova lógica ferroviária: aberta, inclusiva, transparente e profundamente brasileira.
Os trilhos não devem pertencer a um grupo ou a um governo. Eles devem pertencer a todos nós
O caminho é o alinhamento entre uma sólida estrutura de Governança conforme preconizada pelo Mercado de Capitais combinada com ações e comunicação social focadas na mobilização popular e no despertar de lideranças realmente levantadas e reconhecidas pelas comunidades locais que protagonizarão os projetos-alvos, alinhadas por estes interesses em comum.
o convite está feito: todo idealista, investidor, especialista ou interessado a engrossar nossas fileiras será bem vindo!
VAMOS FAZER O BRASIL GRANDE DE VEZ.



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