Gui Almeida

O vendedor que saiu do armário.

Sou vendedor, e daí!?

Eu não nasci assim, e também não passei minha infância desejando ser isso.
Nas minhas brincadeiras, eu era professor, executivo de uma grande empresa que viajava pelo mundo e, às vezes, até médico.

Mas a realidade foi outra. A oportunidade que me esperava era trabalhar em uma pequena empresa familiar, que comercializa um serviço que ninguém tem prazer em comprar — e muito menos em usar. Foi aí que tudo começou. Fugi. Fugi o quanto pude.

O primeiro grande plano de fuga aconteceu três anos depois da minha estreia. A ideia era me mudar para o exterior, curtir a vida, aprender um novo idioma e, quem sabe, enriquecer em uma moeda mais valorizada. Mas a vida me deu uma rasteira. O mais longe que consegui chegar foi ao Rio de Janeiro… para abraçar o diabo. Abri uma corretora de seguros — exatamente como aquela da qual eu estava tentando escapar.

Como todo detento, eu não desisti de fugir nem por um dia sequer. Sete anos depois, surgiu um novo plano infalível. Desta vez, meu sonho era me tornar uma celebridade. Fiz aulas de teatro, cursos de atuação para TV e cinema, simpatias, feitiços… tudo que pudesse acelerar uma carreira de sucesso. E, após muitas tentativas e frustrações, a grande oportunidade chegou!
Fui convidado para fazer um teste para ser apresentador de um programa ao vivo na TV. Luciano Huck, Faustão, Silvio Santos… por que não eu?
Fui aprovado no teste! Mas o canal de TV não era a Globo, nem o SBT. Me tornei apresentador do maior canal de vendas ao vivo da televisão brasileira: o Shoptime.
Mais uma rasteira do destino.
Passei mais de uma década vendendo, ao vivo, todos os tipos de produto. Durante o dia, vendia seguros; à noite, vendia de tudo mais um pouco.

Mas eu não desisti! E então, com algum dinheiro no bolso, apostei que, desta vez, o plano daria certo. Decidi que o dinheiro trabalharia por mim. Eu seria investidor!
Pode me chamar de anjo, porque só um anjo faria o que eu fiz: investi um caminhão de dinheiro para abrir um restaurante com sócios malucos.
Seis meses depois, lá estava eu — vendendo a única coisa que ainda não havia vendido na vida: comida e experiências, tentando salvar a empresa.
Assim, passei a vender seguros pela manhã, comida e experiências à tarde, e de tudo um pouco à noite.

A pandemia acabou com o restaurante. Eu já havia encerrado minha jornada no Shoptime, e a corretora de seguros, a essa altura, já andava com as próprias pernas. Parecia, enfim, o cenário ideal para fugir de vez. Mas, mais uma vez, a vida puxou meu tapete.

Com o fechamento do comércio físico por determinação do governo, as lives de vendas se tornaram a alternativa encontrada por muitas empresas do varejo para se conectar com os consumidores de maneira mais próxima e parecida com a experiência da loja física.

Por obra do destino, eu estava no lugar certo, na hora certa, com a experiência certa.
Comecei a prestar consultoria para empresas e empreendedores, ajudando-os a se sentirem mais seguros para realizar suas lives de vendas. Passei também a preparar vendedores para apresentarem essas lives com mais confiança e técnica e, por consequência, treinar vendedores de maneira geral. 

Em 2020, nasceu o Vendas On Live. Desde então, eu vendo o meu conhecimento sobre vendas. Sou, de certa forma, um vendedor de vendedores. Seria engraçado, se não fosse verdade.

Contei minha trajetória no mundo das vendas para que você soubesse que não é fácil para ninguém se assumir vendedor.
Olhando em retrospectiva, percebo que boa parte dessa dificuldade está no fato de não termos muitos vendedores exemplares e conhecidos para nos inspirarmos.
Não temos um conselho regional de vendedores que reconheça e regulamente a atividade.
Não existe um curso universitário que forme vendedores.

Além disso, existe um estigma terrível, criado por vendedores despreparados, inconvenientes, que estavam na atividade apenas como um “bico”, sem propósito algum.
Mas lembre-se: também há professores despreparados, médicos antipáticos e executivos com propósitos duvidosos.

Por outro lado, todo mundo vende. Seja qual for sua profissão, vender é uma habilidade essencial. E, para ser um excelente vendedor, a primeira coisa que você precisa fazer é sair do armário, aceitar e ter orgulho do que é: um vendedor.

Essa coluna será um espaço seguro, onde trataremos de todas as questões que nos impedem de alcançar o sucesso em vendas. Aqui, vou compartilhar tudo que aprendi nesses 35 anos de estrada.
Isso me ajuda a manter o foco no meu propósito de ser vendedor — e eliminar qualquer nova tentativa de fuga.
Até porque… eu falhei em todas elas.



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