Jose Carlos de Assis

Os motivos concretos para a ruptura do nacional-desenvolvimentista Requião com o governo Lula

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Os motivos concretos para a ruptura do nacional-desenvolvimentista Requião com o governo Lula Imagem desenvolvida por IA

J. Carlos de Assis, Editor-Chefe

É fácil entender a indignação do ex-senador e ex-governador do Paraná, Roberto Requião, com o governo Lula: o Presidente, que diante dos ataques à soberania nacional por Donald Trump põe um boné na cabeça com os dizeres “o Brasil é dos brasileiros”, é o mesmo que tem efetivamente liquidado o que resta do patrimônio nacional como as privatizações injustificadas da Copel e do Porto de Paranaguá.

Esses ativos paranaenses entregues ao capital privado predatório são particularmente caros ao ex-senador justamente porque foi em seus governos que se transformaram em instrumentos em defesa do interesse público. A Copel estava virtualmente quebrada, quando Requião assumiu o Governo e a transformou na distribuidora de energia elétrica mais saudável e com os custos para o consumidor mais baixos em todo o País.

Com o Porto de Paranaguá foi ainda pior. Lula, em articulação com  Ratinho, o entregou recentemente à Cargill, o principal monopólio exportador de produtos agroindustriais e alimentares do mundo. Com isso, pequenos e médios produtores agrícolas paranaenses terão pouco ou nenhum espaço para acomodar sua produção destinada aos mercados externos e internos. Trata-se de uma traição dupla aos paranaenses.

Um terceiro ataque ao interesse público paranaense, sob o governo Lula, é a entrega ao capital privado sediado nas Ilhas Caimã da exploração de pedágio no principal entroncamento rodoviário do Estado, que para Requião deveria ser de graça.

O ex-governador é um verdadeiro nacionalista. Não um demagogo retórico de boné ou de chapéu de palha, que acredita superado o ideal “nacional desenvolvimentista” que  empurrou o Brasil para a modernidade com Getúlio Vargas. Diante disso, suas críticas transcendem os interesses do Paraná. Sua indignação se à estende à entrega das reservas petrolíferas do pré-sal às petrolíferas estrangeiras e até às que vão explorar, no futuro, o petróleo da Margem Equatorial no Norte do País.  

Já Fernando Haddad, o principal assessor de Lula, que certamente exerce maior influência sobre ele em questões econômicas, é decididamente um globalista desinformado em questões econômicas e políticas. Ouvi dele mesmo que o “nacional desenvolvimentismo” está superado, junto com o “socialismo e a social democracia” europeia. O erro do PT, segundo ele, foi não ter buscado no plano propositivo uma alternativa a esses modelos de sociedade.

Que dizer de uma opinião tão idiota quanto essa diante do nacionalismo chinês, orientado por um partido socialista, e que se tornou o nosso principal   bote de salvação diante do desastre econômico e geopolítico provocado por Trump? Se tivéssemos na cabeça menos bonezinhos ilustrados, e mais compromisso com os interesses nacionais de raiz, por certo poderíamos confiar mais num destino seguro para o País!

Entretanto, esses não são os interesses das nossas “classes dominantes”, que nos empurraram, ao contrário, para a globalização e o livre mercado. Estes foram objetivos assumidos ainda nos anos 1980 pelo próprio Lula, seguindo os conselhos de Margareth Thatcher e Ronald Reagan. Tais conselhos interessam principalmente aos titulares do processo de acumulação financeira desenfreada e de concentração de renda, sem contrapartida de produção, defendidos no Forum de Davos. E não a nós.

Estamos numa situação econômica e política em que é absolutamente indispensável uma mobilização de massa da sociedade civil em defesa da soberania nacional, ameaçada por uma superpotência estrangeira. Como é possível esperar essa mobilização na escala necessária das diretas já, se a elite política vendeu efetivamente nossa soberania ao grande capital interno e externo para, supostamente, como no Paraná e com as reservas de petróleo, pagar juros da dívida pública?

Soberania não é uma palavra vazia de sentido. É um conceito de poder. Só há soberania onde não há miséria absoluta em qualquer nível da sociedade, insuficiência alimentar ou de moradias para se viver, adequada atenção à saúde e à educação popular, saneamento básico e, principalmente, suporte econômico para garantir esses direitos sociais. Nesse sentido, não temos realmente soberania.

A ameaça externa não é suficiente para levantar o ânimo da população  como resposta positiva a políticas concretas do Governo para assegurar esses objetivos sociais. Seria preciso que haja um testemunho objetivo de que o Governo os está procurando, quando na realidade se limita à retórica. Diante disso, é muito difícil esperar que no 7 de Setembro, um dia tradicionalmente ligado à defesa da soberania da Pátria, haja mobilizações sociais de massa no País para defendê-la.



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