Jose Carlos de Assis

APLs como injeção de ânimo para uma sociedade que hoje se revela anestesiada


APLs como injeção de ânimo para uma sociedade que hoje se revela anestesiada

Artigo para o movimento "Vamos Fazer o Brasil Grande de Vez".

Edmundo Silva, Sócio-Diretor

Rodrigo Rocha, Sócio-Diretor

J. Carlos de Assis, Editor-Chefe

A sociedade brasileira revela-se anestesiada. Esmagada pela ganância das classes dominantes e sob a indiferença das elites culturais e lúdicas, não consegue se mover para lado nenhum. Não há reação à inércia do Executivo quando mantém uma política econômica regressiva e fracassada, não há manifestação de revolta contra um Congresso que só cuida de emendas parlamentares em seu próprio benefício, e não há denúncias contra a corrupção num Judiciário que vende sentenças.


Entretanto, antes de tudo, queremos situar, de forma bem clara, nossa posição e nossas premissas políticas: não nos consideramos nem de direita, nem de esquerda e nem mesmo de centro. Esses são conceitos topológicos anacrônicos oriundos da Revolução Francesa, no século XVIII, que já não se aplicam às sociedades multifacetadas do século XXI. Nossa posição, objetivamente, é lutar pelo desenvolvimento sustentável do Brasil, garantindo uma vida melhor e mais segura para nossa sociedade.


O objetivo do movimento “Vamos Fazer o Brasil Grande de Vez”, lançado por nós, é justamente o de se opor a essa situação na qual o País afunda numa degradação geral de poucos precedentes. Em nossas metrópoles, predominam as milícias, os traficantes e os ladrões comuns que infestam as ruas e espalham o medo entre a população. Os políticos, indiferentes a esse quadro degradado, já começaram as campanhas eleitorais para 2026 como se tudo isso fosse natural, repetindo as mesmas promessas vazias e inócuas de anos atrás. São uns cínicos.


Temos que enfrentar o desafio de consertar o País “de baixo para cima” já que, “de cima para baixo”, não há esperança. Nossa proposta nesse sentido é resgatar o valor do trabalho honesto, com suficiente número de empregos e salários decentes que retribuam os esforços produtivos de seus agentes, mediante a ocupação do território brasileiro com iniciativas produtivas de caráter municipal e regional que explorem as imensas potencialidades econômicas e humanas que existem nele. 


O instrumento para isso são os Arranjos Produtivos Locais, Regionais e Setoriais que estamos promovendo. Na medida em que, com a mobilização dos próprios trabalhadores, se construam centenas desses arranjos Brasil afora, promovemos gradualmente o nascimento de um novo tipo de sociedade num padrão eticamente acima do capitalismo e do socialismo estatal. É o que estamos chamando de Sociocapitalismo, cuja expressão, num APL, é a articulação não conflituosa do Capital e do Trabalho, permeada por Inovação. 


Já existem muitos APLs no País (cerca de 90, porém não uniformizados), mas, para que o processo avance de forma mais rápida, é preciso organizar centenas deles. Consideramos que haveria mais possibilidade de acontecer isso se houvesse maior participação de profissionais que pudessem atuar como consultores dos trabalhadores na sua organização, a partir da própria organização. Justamente por isso entendemos que a melhor forma de começar é, justamente, pelas universidades federais. 


O Governo não pode atender às justas demandas de verbas dessas universidades, virtualmente falidas, porque está bloqueado pela política fiscal, que estrangula o Estado Social. Diante disso, sugerimos que os trabalhadores nas universidades, basicamente professores e pesquisadores, assumam eles próprios o capital e o controle operacional delas, mediante sua transformação em Sociedades Anônimas. Consultores especializados ajudariam nessa transformação em tempo breve. 


Uma vez aplicado o modelo numa universidade, digamos, na UFRJ, ele poderia ser replicado nas demais universidades federais ou públicas, ou mesmo em universidades privadas e empresas em dificuldades financeiras. O processo seria estendido a outras áreas em situações similares como a rede de hospitais públicos em vários níveis (SUS). E estendido a outros setores públicos que hoje são encarados apenas como um passivo do Estado, e não como um ativo a serviço da população. 


Do ponto de vista operacional, não há dificuldade, na era da informação, em tornar a universidade uma entidade financeiramente  autônoma e lucrativa, embora mantendo a gratuidade do ensino. Os profissionais nela envolvidos, especialmente professores, seriam remunerados pela justa repartição dos resultados obtidos no APL convertido em sociedade anônima. Plataformas digitais interconectadas acompanhariam todo o processo operacional em tempo real.


Uma universidade produz conhecimento, e conhecimento gera lucro. Laboratórios universitários de química, física, alta matemática (lógica fuzzy), arquitetura, entre outros, podem realizar pesquisas próprias e parcerias remuneradas com o setor privado ou oferecer serviços qualificados a ele, individualmente. Outra fonte de receita são os royalties relativos a patentes por descobertas realizadas. E ainda há de se considerar receitas provenientes de cursos especiais remunerados oferecidos ao público.


Na prática, imaginamos um APL universitário começando pela avaliação de seu patrimônio líquido e pela cessão à S.A. a ele vinculada de uma parte desse patrimônio, digamos, 20%, que seriam convertidos em ações do cedente. O restante das ações, 80%, seria distribuído aos trabalhadores com salários básicos atribuídos às diferentes categorias profissionais. O cadastro correspondente a esse passivo de trabalhadores especializados, somado ao referente a serviços de apoio, seria transferido direto da folha de pagamentos para uma plataforma digital.


Os 20% de ações retidos pela universidade ou pelo Estado, em sua condição de proprietários do patrimônio líquido da entidade, seriam dados como garantia para a tomada de empréstimos de longo prazo junto ao BNDES, com carência e juros baixos, para a realização de obras emergenciais de recuperação e de reforma. Os empréstimos seriam pagos com os próprios resultados da S.A., descontando os custos do sistema relativos aos salários dos trabalhadores, assim como os de manutenção. 


A remuneração dos trabalhadores corresponderia exatamente ao trabalho realizado e medido individualmente pela plataforma digital. O lucro, como em toda empresa, resultaria do confronto entre receitas e despesas operacionais, mais resultados extras. E o lucro total seria distribuído igualitariamente aos trabalhadores e eventuais investidores no sistema, somando-se ao salário básico, e contribuindo para reduzir as imensas diferenças de renda que prevalecem hoje no Brasil sob controle do capitalismo predatório. 


Na medida em que, mediante a difusão desse modelo produtivo e dessa forma de sociedade que estamos defendendo sejam reconhecidos por uma parte relevante da sociedade, estaremos prontos para iniciar o processo de mobilização social para aplicá-los. Se a sociedade brasileira, movida por um sentimento comum de busca da liberdade, foi capaz de derrubar a ditadura militar a partir da mobilização social, o mesmo pode se aplicar agora na busca da superação das atuais mazelas do País.

A universidade brasileira, superando a sua própria crise, poderia dar uma contribuição para a superação da crise moral que afeta o ensino superior nos Estados Unidos, desde que Trump assumiu o poder. O presidente norte-americano está obrigando Harvard a discriminar alunos e professores estrangeiros, impedindo sua entrada no País por motivos ideológicos ou raciais. É um verdadeiro acinte, nessa altura do século!


Harvard tem acordos acadêmicos com universidades estrangeiras em vários países. Uma grande universidade brasileira, como a UFRJ, poderia buscar um acordo com ela para acolher estudantes de todo o mundo, sem discriminação. Conectadas pela internet, as duas entidades usariam o mesmo currículo e dariam um diploma comum correspondente a suas marcas, destacando a de Harvard. Seria como deslocar para o Brasil parte da mais importante universidade do mundo. 

O impeditivo circunstancial de que a parte brasileira do acordo talvez não pudesse pagar pelos altos salários dos profissionais de Harvard seria resolvido pela conexão à UFRJ de um APL especial que funcionaria da mesma forma que o APL mãe. Em nível de pós-graduação, os estudantes estrangeiros pagariam mensalidades, como hoje, e isso, junto com as demais receitas produzidas pelo corpo acadêmico, constituiria a receita operacional total do acordo entre as duas universidades.


A UFRJ tem, em seu campus, um grande prédio que ao todo comporta mil alojamentos individuais para estudantes e professores, sendo que dele é aproveitado apenas um quarto da capacidade, pois não houve dinheiro para concluí-los. Na hipótese de um acordo com Harvard, esse prédio, com financiamento do BNDES, poderia ser concluído e disponibilizado, em grande parte, para estudantes estrangeiros que preferissem assistir a aulas presenciais no Brasil, em lugar de acompanhá-las pela internet. 


O Brasil tiraria grande proveito desse acordo,tanto do ponto de vista econômico (turismo) quanto diplomático. O nome da parceria seria anunciado como Universidade do Brasil pela Paz Mundial, com abertura para todos os estudantes e professores universitários do planeta. Seria algo inédito nesses tempos em que ainda prevalecem o ódio e as guerras entre vários países do mundo, e o extremismo político dentro de muitos deles, inclusive nos próprios Estados Unidos.



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